Em uma sociedade tomada pelos maus hábitos alimentares juntamente com a necessidade de emagrecer, observamos diferentes tipos de dietas em cena, todas prometendo perda de peso em pouco tempo, com a inclusão de alimentos altamente calóricos e mais ainda: com a manutenção da saúde.
Ilustrando tal situação, em maio/2011 o site UOL publicou, na seção Ciências e Saúde, uma matéria sobre a Dieta de Dukan, uma nova versão da Dieta Atkins. Tal dieta baseia-se no consumo somente de proteínas e vegetais, totalizando 100 alimentos no cardápio, sendo eles 72 de origem animal e 28 de origem vegetal. Desses alimentos, o indivíduo poderá ingerir o quanto quiser por dia e mesmo assim conseguirá perder peso. Mas afinal, essa informação realmente é válida? E qual é o impacto da mesma para a saúde?Estudos recentes demonstraram que, aplicando uma dieta de baixas calorias, com pouca quantidade de carboidratos (ou seja: grãos, pão, arroz, massas, frutas, batata e outros tubérculos) e rica em proteínas, realmente há perda de peso. Porém, pesquisadores mostram que tal perda é causada em grande parte pelo esvaziamento de reservas de glicogênio (forma que o carboidrato é estocado no corpo) juntamente com a perda água corporal, podendo levar a um quadro de desidratação. Além deste efeito, os mesmos pesquisadores ainda observaram outros efeitos colaterais provocados pela aplicação desta dieta, favorecendo também o aparecimento de doenças.
Em diversos estudos experimentais, realizados tanto em humanos quanto em animais, verificou-se que o alto consumo de carne aumenta o risco de doenças cardiovasculares, bem como hipertensão e diabetes em adultos. Pesquisadores atribuem tal relação ao alto consumo de sal, colesterol e gordura saturada e o baixo consumo de carboidratos e fibras. Além disso, a quantidade de verduras e legumes é muito reduzida e não inclui frutas na dieta, colaborando para o baixo consumo de vitaminas, minerais e fitoquímicos, o que pode também ser uma explicação para o aparecimento dessas doenças. Esses são também os motivos pelo qual outros estudos observaram um aumento nos quadros de constipação (intestino preso) e de câncer no cólon, já que o baixo consumo de carboidratos e fibras modifica consideravelmente a flora intestinal.
Os carboidratos têm a importante função de fornecer energia para o bom funcionamento do corpo, principalmente para o cérebro. Assim, quando reduz-se a quantidade de carboidratos oferecida na dieta, o corpo utiliza-se de outros meios para produzir energia, os quais produzem os chamados corpos cetônicos. O acúmulo destes provoca diversos sintomas em nosso corpo, como dores de cabeça, halitose (hálito ruim), diarréia, fraqueza geral, cãibras e erupções cutâneas.
Por se tratar de uma dieta composta por 70% de alimentos proteicos, pesquisadores observam que tal fato tem um impacto negativo no bom funcionamento renal. Isto porque o alto consumo de proteínas, principalmente de carnes, aumenta a formação de substâncias em nosso corpo que lesionam um grupo de células do rim, podendo gerar um quadro de disfunção renal. Tal efeito é observado principalmente em diabéticos e indivíduos com histórico de doenças renais. Além do impacto negativo na função renal, estudos ainda verificaram que a alta ingestão de proteínas favorece uma maior mobilização do cálcio dos ossos para o rim, aumentando assim sua eliminação pela urina. Dessa forma, esta ação promove um enfraquecimento ósseo, aumentando a probabilidade de ocorrência de fissuras e fraturas no osso, principalmente em mulheres.
Analisando a literatura de um modo geral, podemos observar os inúmeros malefícios que a Dieta de Dukan traz para a saúde. Somando-se isso, ainda há muitos estudos mostrando que a adesão à dietas com baixa quantidade de carboidratos diminuem gradativamente com o passar do tempo, e, quando abandonadas e seguidas de alimentação normal, favorecem o ganho de peso. É aquilo que chamamos de efeito “sanfona”.
É importante também frisar que tal dieta, como a maioria das dietas “da moda”, não prezam pela quantidade, qualidade e equilíbrio da alimentação bem como não reeducam o indivíduo quanto à hábitos e costumes alimentares errôneos. O ideal é sempre ter o acompanhamento de um nutricionista em processos de emagrecimento, único profissional com habilidade para orientar e elaborar uma dieta que se adeque melhor às necessidades e às características individuais de cada um.
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