Após a análise de muitos estudos que avaliaram a eficácia e os possíveis efeitos colaterais dos inibidores de apetite em obesos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) verificou que, além de tais medicamentos não serem eficazes no tratamento da obesidade a longo prazo, também foram relacionados com o aumento do risco cardiovascular, cardiopulmonar e ao sistema nervoso central. Assim, em fevereiro de 2011, proibiu a comercialização dos medicamentos que contenham sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol, porém sua proibição foi largamente criticada. Hoje, a ANVISA decide manter a comercialização e o registro da sibutramina, porém com maior controle sobre a prescrição e utilização do mesmo e proibiu a comercialização da anfepramona, femproporex e o mazindol. Todos estes medicamentos já estão proibidos na Europa desde o início de 2010 e a sibutramina já tem seu registro cancelado desde outubro de 2010 nos EUA.
O tratamento da obesidade é focado em mudanças no estilo de vida, que incluem orientação nutricional e estímulo à prática de atividade física. No entanto, são poucos os indivíduos que obtêm resultados satisfatórios com tais mudanças. Em boa parte dos casos, esse fracasso ocorre porque há contribuição dos fatores genéticos no desenvolvimento da doença, o que aumenta a complexidade do tratamento. Estudos publicados mostraram que o uso de inibidores de apetite por indivíduos obesos promove a diminuição do peso, melhora os sintomas das doenças associadas, melhora a qualidade de vida e reduz o alto índice de mortes relacionado à obesidade. Com base nisto, médicos fazem do tratamento medicamentoso uma alternativa para contornar tal situação e garantir uma melhora no quadro da doença.
Com a proibição, além da sibutramina, outra alternativa que os médicos poderão utilizar é o orlistate, popularmente conhecido como Xenical®, o qual tem um impacto muito inferior na perda de peso. De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a proibição de tais medicamentos irá deixar uma grande parcela de pacientes com obesidade desassistidos, podendo contribuir não só para o agravamento da doença em si, mas também das doenças associadas.
Contudo, a maioria dos estudos que mostraram os benefícios do uso dos inibidores de apetite abordaram o uso a curto prazo (até 4 meses), e que, ao serem abordados a longo prazo, além dos mesmos benefícios não serem significantes, principalmente na perda de peso, ainda causavam complicações cardiovasculares e cardiopulmonares em muitos indivíduos. Até pouco tempo atrás, a abordagem desses medicamentos por longos períodos de tempo era uma prática muito comum entre os médicos, mesmo não verificando melhora significativa na diminuição do peso do indivíduo.
Além do uso abusivo dos inibidores de apetite, observa-se também a direta relação entre a piora da qualidade dos alimentos ingeridos e o crescente número de indivíduos obesos na população brasileira. O fácil acesso à alimentos baratos, práticos, palatáveis e de alta concentração energética, a baixa ingestão de frutas, verduras e legumes, somado também com um sedentarismo crescente, favorece o aumento cada vez mais de indivíduos obesos. Verifica-se também que tais hábitos desempenham um papel determinante no estímulo às atividades exercidas pelos genes no desenvolvimento da obesidade; como diz George Bray, “a genética carrega a arma e o ambiente aperta o gatilho”. Assim, com a proibição dos inibidores de apetite a base de anfetamina, talvez a importância e o foco em tratamentos não-medicamentosos, como uma adequada alimentação, sejam aumentados e melhores controlados e acompanhados do que são hoje.